A glória de Euclides da Cunha

Como um raio a vibrar no seio de uma aurora...

Que lime-se num verso uma cadência má

Que p\'los dedos se conte as sílabas — vá lá!

Mas que um tipão qualquer — como muitos que eu vejo —

Espiche, estique e encolha a tal\'hora e sem pejo

Um desgraçado verso e após tanto o medir

Torcer, brunir, sovar, limar, polir, polir,

No-lo venha trazer às pobres das ovelhas

Como um casto
bijou, feito de sons e luz,

Isto revolta e amola...

Mas, veja ao que conduz

O vago rabiscar de uma pena sem norte

Falava-te de Deus, de mim, da estranha sorte

Que aniila a poesia — e acabo num jogral

Num lorpa, num boçal

Que nos recebe — a pés — e faz do amor uma arte

Deixemo-lo de parte...




Escuta-me, eu teria um imenso prazer

Se, podendo domar, curvar, forçar, vencer

O cer\'bro e o coração fosse este último canto

O fim de meu sonhar, de meu cantar, porquanto...


.....................................................\"

Eis algumas das notas em prosa, apostas às Ondas:

TIRADENTES — Escrevi esta poesia (?) n\'um momento de febre extraordinária; não o pude cingir à rima — era célere demais a minha inspiração então —, tracei-a ao acaso, repentinamente no primeiro papel que encontrei — e por um encontro extraordinário, concluí-a sobre uma poesia dos Voos Icários — poesia calorosamente

[link=28590]Fotografia: Comissão do Alto Purus[link]

A glória de Euclides da Cunha - Página 132 - Thumb Visualização
Formato
Texto