apologética do Sr. Pedro 2º... foi o que forçou-me a guardá-la, pareceu-me e parece-me que o mais tosco verso de um livre à memória de um herói esmaga o mais brilhante poema que se atira aos pés de um rei...
VARELLA — Possa esta pobre poesia brilhar na noite injusta e má — que alguns seres inclassificáveis — ergueram sobre o túmulo desse grande cérebro, desse enorme coração, e desse imenso infeliz — Varella.
GONÇALVES DIAS — Uma noite passávamos eu e um amigo em frente ao Cassino — em noite de grande baile — envolta nas harmonias vibrantes duma orquestra se agitava a aristocracia dourada e ruidosa —; paramos — o meu amigo embevecido pela música e pelas luzes — em pé no lagedo lamacento devorava com o olhar aquele mundo luminoso e sonoro; eu contudo alheio ao que arrastava-o, fitara não o baile, a festa, mas a massa esfarrapada, sublimemente asquerosa da multidão que imóvel em frente, ao relento, quedava-se ante aquele espetáculo que era uma gargalhada horrível, irônica à sua fome, à sua nudez e fitando o povo — esse grande anônimo, que, por isso, não deixa de ser o maior colaborador da História — tirei a minha carteira e ali — quase que a luz que cintilava no crachat de sua majestade (!), que lá estava, tracei esses versos emquanto brilhava-me no cérebro esse alexandrino — férreo e incisivo de Victor Hugo:
"O' jonglerus! noirs par l'âme et par la servitude..."
Versos, irmãos dos que se encontram em Ondas, mas que lá não estão: