Fiz bem. A rixa é velha. Há muito tempo
Que eu, o Voltaire e o Comte nem o intento
Podemos ter de passear à noite
Na grande praça azul do Firmamento.
Se o fazemos, apagam-se as lanternas
Dos sóis, num pronto o momentâneo eclipse,
E vemo-nos nas trevas, entre os coices
Da besta divinal do Apocalipse!
Não vou mais lá, por isso... Mas que importa...
Por que falar nesses sucessos tristes?
Trancam-me os céus: eu tenho o teu olhar...
Nem me falta Deus — pois tu existes!
Já com influência científica, prenúncio daquela identificação cósmica do homem, característica de sua obra genial, este lindo soneto:
"São tão remotas ao estrelas que apesar da vertiginosa velocidade da luz, elas se apagam e continuam a brilhar durante séculos."
Morrem os mundos... Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da altura
Erguem-se, assim, necrópolis sombrias...
Mas pr'a nós, di-lo a ciência, além perdura
A vida, e expande as rutilas magias...
Pelos séculos em fora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.
Meus ideais! extinta claridade —
Mortos, rompeis, fantásticos e insanos
Da minh'alma a revolta imensidade