A glória de Euclides da Cunha

Fr. Manoel (à parte)

... Não percamos esta hora.

(alto, a Calabar)

Pois acreditas tu que é um leão?

(Calabar volta-se, surpreso)

Tu és

Um cachorro açulado às goelas do holandês!


Calabar

Padre! de onde surgiste? a que vens? e que queres?

E que palavra vil é esta com que feres

A quem sempre submisso ouviu a tua voz?


Fr. Manoel

Escuta-me, meu filho... Eu precisava, a sós,

Longamente tratar contigo acerca de árdua

Empresa; e a situação em que te vês, aguardo-a

de há muito, impaciente...


Calabar

Tu achas então que é

Própria a divagações esta hora — quando a fé

Que propagas e o Deus, o próprio Deus que adoras,

Tem em roda seis mil espadas vencedoras

Do herético holandês... Tu queres gracejar

Ante o perigo, padre!?


Fr. Manoel (tranquilo)

Escuta, Calabar:

Sabes o que traduz este hábito sombrio?

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