primeiras, sentira volver aos tempos de adolescência em que, imaginação incandescida, respiração opressa, percorria os Mistérios de Paris ou o Conde de Monte Cristo.
Acentuou o traço genial da obra: o quadro natural da terra, no aspecto físico e na sua formação geológica, com a flora, a fauna, a climatologia, o fenômeno fundamental das secas; desse conjunto o homem, como resultante natural, gerado à imagem e semelhança da terra: sobre esse homem, componentes sociais e morais, impostas pela formação histórica, geram o taumaturgo gnóstico-bronco Antônio Conselheiro; do meio e da gente desconhecidos, ante a civilização de balas e baionetas, a luta fratricida, desenvolvida em uma palpitação de emoção e de tragédia, sem pausa, nem descontinuidade, nas vestes de estilo original e forte.
De como o autor surgiu no meio literário carioca, boêmio e desocupado, a distribuir-se pelas confeitarias Pascoal e Colombo, nos dá conta esta reminiscência de Luiz Edmundo:
"No brouhahas das frases, na confusão dos mots d'esprit, das chufas e partidas, certa vez alguém houve que apareceu trazendo, debaixo do braço, uma brochura espessa e mal impressa, obra que andou de mão em mão, olhada com espanto e com carinho. Chamava-se ela Os Sertões. Assinava-a Euclides da Cunha. Houve quem perguntasse então, — Quem é esse sujeito?