A conquista do deserto ocidental: subsídios para a história do território do Acre

Entre a boiada e a bagaceira o ser escanifrado das lonjuras nordestinas passeava. Era ainda um produto cósmico; dependia do sol e da chuva; vivia com o termômetro da sua angústia preso à tensão atmosférica e dependia sempre daquela espantosa febre celestial que estorricava caminhos, plantas, bichos e homens.

O sistema econômico de plantação sendo o primeiro grande marco territorial de fixação humana estabelece que quando o homem resolve plantar resolveu permanecer. Eis um ponto importante para quando chegarmos a uma análise mais concreta dos acontecimentos sociais do Acre.

Começando com a plantação, a era do patriarcado da civilização no Brasil rompeu com a rarefação nômade dos povos que vagavam no rumo das especiarias. E as "reduções" de índios não tinham outra determinante senão esta: consolidar o sistema agrícola com uma nova ordem social de senhores e escravos, deixando na exaustão o sistema florestal que teimava em manter uma forma promíscua que debilitava a disciplina e ameaçava o estruturamento moral do patriarcado civilizado.

Mas enquanto, numa só frente, os colonos agricultores se irmanavam aos chefes capitalistas da colonização para explorar e dizimar as tribos, acontecia que, contraditoriamente, no reino dos civilizados, duas classes começavam a superpor-se entre si, quebrando singularmente a unidade: de um lado e em plano inferior se agrupava o pequeno patriarcado rural e do outro, em plano superior, crescia e dominava o grande patriarcado latifundista. Um plebeu outro nobre. Um empregando braços de parentes outro possuindo braços de escravos. Um na casa de barro, chão e palha;

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