e duração assumiam caráter de verdadeiras guerras — para se tornar patente a exiguidade dos recursos dos donatários; vultosos em números absolutos, não o eram quando postos em confronto com as gigantescas proporções da obra que se objetivava. Daí, dessa desproporção entre os recursos iniciais aqui aplicados pelos donatários e a monumentalidade dos objetivos visados pela Coroa, a impressão de pessimismo que nos deixam os primeiros ensaios do esforço colonizador.

Mas é impressão apenas. De fato, os traços que os documentos nos revelam, os índices do esforço realizado pelos primeiros desbravadores, são simplesmente assombrosos. Não endossamos a opinião do Sr. Lemos Brito, que, para explicar o que chama a lentidão e o fracasso da economia colonial, invoca a inaptidão ou a inércia do luso, relativamente à atividade agrícola, decorrentes do estado de servidão a que estiveram submetidos durante o longo período da sua história. (184)Nota do Autor Nem concordamos com a inaptidão ou a inércia, nem com a suposta causa de que decorrem: o status servil que conheceu na sua história. O inglês, até antes da revolução industrial, o francês até hoje, que são senão povos de índole e tradição agrícola? No entanto, tanto um quanto o outro conheceram a servidão, sob todas as suas formas. Aliás, aí o velho instituto medieval, que já representava um progresso sobre a escravidão do período anterior, exerceu alguma influência sobre a vocação do servo, essa foi positiva e não negativa: ligou-o material e emocionalmente ao solo, identificou-o com a terra,