Capitais e grandeza nacional

metálicas. (190)Nota do Autor "Dinheiro — cita ele de Taunay — era cousa que em São Paulo quase não havia. Surgiam nos cofres do Conselho esquivos tostões de vez em quando. Pagavam-se os serviços parte em espécie e o resto em gêneros da terra; uma ou outra prata e excepcionalmente algum São Vicente de ouro cunhado a martelo".

Ora sobre a pobreza dos testamentos paulistas há que observar que se trata só dos paulistas: duma capitania que, como se sabe, não tendo fundado a sua agricultura, nem tendo ainda descoberto as minas, jazia num estado de chocante contraste com os dois centros (Pernambuco e Bahia) onde, graças à existência de condições favoráveis, medrou a agricultura e desenvolveu-se a riqueza. Os testamentos pernambucanos ou baianos da mesma época apresentariam certamente índices mais expressivos, como podemos inferir, por um critério digamos forfaitaire, de elementos que atestam a riqueza dessas duas capitanias.

Quanto à prodigalidade dos ricos senhores do século XVI — prodigalidade que para o sociólogo gaúcho deveria ter esvaziado os pés de meia e afetado as reservas que se deveriam aplicar na aquisição de novos meios de produção — não parece proceder: basta ver a progressão do número de engenhos, lavouras, e estes currais que se alastraram como uma força da natureza, pela terra brasileira, para se chegar a convicção contrária. Finalmente, a ausência de signos monetários não infirma a existência duma sólida formação capitalista: o dinheiro dá mais velocidade à circulação dos capitais, torna mais fáceis as combinações financeiras, mas sua ausência não diminui o poder de acumulação, antes

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