Capitais e grandeza nacional

talvez o reforce. À ausência de numerário — tradicional em todo o período colonial - haveria talvez que atribuir o diminuto raio de ação das crises registradas na nossa história econômica: limitavam-se quase que à área da Corte. Os abastados matutos do interior — graças à solidez do seu cheptel — ficavam ao abrigo dos maléficos efeitos dos abalos que estremeciam a estrutura financeira da costa.

Por seu turno, parece que Oliveira Vianna também incorre num erro de apreciação, quando vê na pouca distribuição da fortuna um índice de penúria. As sociedades em formação, como a colonial, não podem deixar de padecer desse mal: sua lei é a da liberdade, seu princípio de riqueza a livre iniciativa, a ambição, o gosto da aventura, a coragem do risco — atributos de poucos. Daí se justificar esta formação capitalista, de caráter "ganglionar", para retomar uma expressão feliz do próprio autor de Populações Meridionais do Brasil aplicada à caracterização do meio social brasileiro, meio de que aquela não é senão um dos aspectos. Nem a relação de 66 engenhos para dois mil moradores, apontada pelo sociólogo fluminense, nos parece indicativa de pobreza. Esses 66 engenhos deveriam produzir cerca de 330 mil arrobas de açúcar ou 330 mil cruzados, que em moeda de 1937 dariam cerca de 33 mil contos. (191) Nota do Autor Ora os efeitos comerciais decorrentes do giro dessa produção parecem constituir cifra mais que suficiente para garantir relativo bem estar à população.(192) Nota do Autor

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