Capitais e grandeza nacional

Não é só isto: o patrimônio agrícola não estava só nas mãos dos senhores de engenhos; ao lado destes, sem os mesmos recursos, é certo, mas com "bastante cabedal", havia a classe dos fornecedores, com contratos de nove a dezoito anos; os "lavradores possantes" de que fala Antonil, "homens de bastante cabedal e de bom juízo, com um ou dois partidos de mil pães de açúcar, com 30 ou 40 escravos de enxada e foice". (193) Nota do Autor Em súmula, mesmo que tenha sido mal distribuída a fortuna, nestes primeiros tempos da vida colonial, o fato não infirma a tese que vimos defendendo neste ensaio pois a boa ou má distribuição da riqueza — e numa sociedade de caráter colonial é evidente que a hipótese da boa distribuição seria absurda — não põe em questão o fato, que é o que importa aqui, de ter ela existido: riqueza no sentido de volume de produção global e não per capita.

A rápida evolução da fortuna brasileira, desde o primeiro século, o seu impetuoso crescimento, o seu dinamismo, é um fenômeno tão notável, tão éclatant, na história econômica das nações, que chegou a ferir a atenção dum observador distante do nosso cenário: Adam Smith. Falando, por exemplo, do Brasil desse período disse ele: "... it greve up tobe a great and powerful colony" (194). Nota do Autor Iludem-se os que acham que só com os "descobertos" nos séculos XVII e XVIII

Capitais e grandeza nacional - Página 179 - Thumb Visualização
Formato
Texto