dum salto, comprovando o valor da raça e dos administradores, sim, mas também do quadro de instituições, das ideias, do "clima" de que se beneficiavam os que queriam trabalhar e correr os riscos das iniciativas e empreendimentos.
As regiões que mais prosperaram, como vimos, foram Pernambuco e Bahia. As cifras e informações a respeito da capitania do velho Duarte são as mais significativas. Aqui mais do que em qualquer outra parte não há "evolução" nem "progresso", essas palavras são absolutamente impróprias para caracterizar a situação pernambucana: há saltos. Em 1542, o sisudo donatário manda dizer a D. João III: "Temos grande soma de canas plantadas". Nessa época, já estava erigido o primeiro engenho — o do Forno da Cal — de Jeronymo de Albuquerque, e em 1546 já se pagava o dízimo em açúcar, quando em Itamaracá (capitania despoliciada, presa de contrabandistas e criminosos) pagava-se ainda primitivamente, em pau-brasil. Em 1550, o número de engenhos é de cinco. Em 1574, de 23. Em 1584, de 66. Em 1600, de cem! Um engenho, nessa época, orçava aí pelos três mil a cinco mil contos de réis em poder aquisitivo de hoje ou seja quase o valor duma moderna usina de açúcar. O que quer dizer o seguinte: que um engenho "moente e corrente", daquela época, com todos os seus petrechos, correspondia mais ou menos, em capitais nele investidos, a uma das nossas "centrais" de hoje. E qual o valor da produção desses cem engenhos? É preciso fazer o cálculo. Diga-se diante mão que não era nada desprezível. Variam os autores a respeito da produção por arroba de cada engenho. Assim, os Diálogos dão dez mil arrobas, e mais três mil de melaço. Fernão Cardim, quatro a cinco arrobas.