Cartas do Brasil

As medidas tomadas ou preparadas pelo visconde de Ouro Preto contra o exército, jogaram os oficiais descontentes nos braços de alguns chefes republicanos dispostos a tomar a liderança e a insuflar nos velhos partidos sua pequena revolução. Ora, um "honesto soldado", chefe natural dos descontentes do exército, porque fora dos mais severamente tratados, acabava de voltar ao Rio de Janeiro. O Marechal Deodoro da Fonseca é filho de um oficial que se distinguiu à frente de um regimento na guerra do Paraguai. Partira com seus sete filhos para combater Lopez, e sua mulher e sua filha o haviam acompanhado como enfermeiras. Há dois anos, em consequência de conflitos sangrentos ocorridos nas ruas do Rio entre o exército e a polícia, e que duraram vários dias, Deodoro, que manifestara abertamente seu descontentamento ante a atitude da polícia e do governo, foi enviado para os confins do Império com a missão de observar a fronteira da província de Mato Grosso. Ao voltar, há três meses, era inimigo declarado de Ouro Preto, tal qual este dos militares. Mais de uma vez solicitou Deodoro ao Imperador a demissão de um ministro tão hostil ao exército e tão suspeito; em vão. Por isso, quando os republicanos foram propor a Deodoro "fazer alguma coisa" antes de 2 de dezembro, a fim de evitar o golpe que se preparava,

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