Cartas do Brasil

um simples passageiro do Rio. A República estava proclamada.

Deodoro deve ter sofrido em sua alma de leal soldado; desejara apenas derrubar um ministro detestado e punha abaixo um soberano querido! E, para cúmulo de amargura, via-se presidente à força da República dos Estados Unidos do Brasil. Afirmam que os remorsos não lhe são estranhos e que sua própria mulher se encarrega de avivá-los no seu lar.

A monarquia caíra; colheram-na sem esforço, como um fruto maduro. Ninguém ergueu um dedo para protestar. Conheço um homem de coragem, e que disso dera provas: a 15 de novembro tentou organizar a resistência; sondou cerca de cinquenta pessoas entre os mais firmes sustentáculos da monarquia (na véspera) não encontrando uma só que atendesse ao apelo. No Rio o povo sofreu coro passividade a revolução; sabia vagamente que se apressava uma operação a fazer-se mais cedo ou mais tarde. Nas províncias, os grandes proprietários, os fazendeiros amoitaram; falou-se em cumplicidade, mas se houve cumplicidade, foi a do silêncio e da força da inércia. Poderiam ter-se levantado, jogado na balança todo o peso de sua influência em prol da monarquia; não o quiseram fazer porque

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