Cartas do Brasil

autor. Nem será permitido olvidar tão pouco a carência de recuo imprescindível a uma apreciação realmente imparcial e completa da Revolução de 89. Disse revolução, mas melhor fora referir-me ao golpe de Estado, ou à revolta, porquanto, sociologicamente (e a terminologia sociológica é de rigor nesses assuntos) a palavra revolução implica em modificação de usos e costumes, de instituições, de filosofia da vida, e a República apenas mudou a forma de governo, pouco se fazendo sentir a sua influência na vida cotidiana, nos hábitos e nas preocupações dos brasileiros.

Max Leclerc é um repórter. Um jornalista perspicaz e ativo, que não perde tempo e sabe olhar. Mas tem os defeitos de suas qualidades, e uma cultura econômica e social (dizia-se política nessa época) assaz rudimentar. É o que o leva a certas afirmações, quanto ao caráter brasileiro, que um conhecimento, mesmo vago, de nossa história teria evitado. Assim, quando se refere à ausência de crises em nossa evolução, quando se estriba nos sarcasmos de Eduardo Prado, exilado e vítima do movimento republicano, comete imperdoável leviandade, pois esquece não só o fenômeno bandeirante mas também as lutas contra os holandeses e franceses e a guerra do Paraguai. Outros erros, outras conclusões superficialíssimas, se devem atribuir a certas ideias então

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