Cartas ao irmão

II

LAFAYETTE, JURISTA E HUMANISTA

O Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira ocupa um lugar de destaque na cultura brasileira, por sua obra de jurista e ensaísta. A presente edição pouco focaliza estes aspectos mais conspícuos de sua atividade fecunda. Na verdade são cartas íntimas, sobre pequenos problemas domésticos e questões políticas, com algumas informações de caráter jurídico, pareceres ligeiros, para orientação do irmão.

Mas, ninguém ignora a importância de sua obra de civilista, seus tratados monumentais, claros, sólidos e bem-documentados, de boa doutrina e forma literária superior. A autoridade de Lafayette era tamanha que, quando surgiu a questão da elaboração do Código Civil, Rui Barbosa afirmou solenemente que ao jurista mineiro deveria ter sido cometida a tarefa, pois à sua sólida cultura especializada, aliava prática forense, experiência de estadista e domínio da língua. E estas palavras de Rui Barbosa, a respeito de um homem com quem tivera mais de um atrito, valem por muitas outras.

Falta recordar um fato nem sempre lembrado. Lafayette como crítico literário e ensaísta. Tendo Sílvio Romero escrito umas observações acerca de Machado de Assis, numa total demonstração de incompreensão, Lafayette saiu em defesa do grande romancista, escrevendo, a respeito, páginas que ficaram definitivas — e que nos fazem lamentar não terem tido continuação, tais os méritos demonstrados então. E como a coisa tomasse um rumo mais sério, dedicou umas páginas aos trabalhos filosóficos de Sílvio Romero, que revelam a consistência de seu pensamento, a sua cultura filosófica das conhecidas qualidades de ironista sutil e ferino.

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