Todavia, é certo que por um estudo penetrante e por análises pacientes das causas, motivos e razões que no maior número de casos determinam o procedimento do indivíduo e da sociedade, pode-se chegar a formular as sínteses dessas causas, motivos e razões, reduzi-las a regras e máximas.
E na verdade, quais são os intuitos dessas investigações, tão interessantes e tão curiosas do coração e do caráter do homem, de que oferecem finos exemplares os tratados morais de Plutarco e Sêneca e modernamente os estudos de Charron e La Bruyère e de outros, senão surpreender a trama delicada e latente das causas e motivos que determinam os atos do indivíduo?
Nos escritos dos grandes historiadores, como Tucídides, Tácito, Machiavello, e nas produções dos grandes poetas, como Homero, Virgílio, Horácio, Shakespeare, Molière, que observações profundíssimas sobre os mais recônditos segredos, as mais delicadas nuances do coração humano?
E o que é a história, enquanto estuda e apura as causas, os motivos e circunstâncias que explicam o desenvolvimento dos povos, os sucessos que lhes enchem a vida, as transformações e revoluções por que passam, senão estudos das causas e leis do fato humano?
E a própria filosofia da história?
Estes nobres trabalhos são magníficos subsídios para a organização da ciência da sociologia.
Essa ciência, certo, pela natureza variável dos fenômenos que fazem o seu objeto, nunca terá a precisão, a segurança e a certeza das ciências físicas, mas poderá conter médias corretas que traduzam na generalidade dos casos a realidade e ministrem bons elementos para previsões seguras.
O que faz com que falhem as previsões não é a incorreção das leis, senão a complexidade, o enredado e o obscuro das circunstâncias que cercam e envolvem as hipóteses.
O erro é da aplicação, mas nem por isso se pode negar à sociologia a possibilidade de vir a ser ciência. De igual sorte participam algumas das ciências físicas, como a meteorologia e a balística.
Ou, então:
É preciso confessar, o Sr. Romero não trepida em agredir os mais árduos problemas filosóficos, ainda quando isso não faz ao seu intento: é de uma desmarcada audácia, mas infelizmente não o ajuda a fortuna.
Que lhe importava para a sua Filosofia do Direito a classificação das ciências?
Ao comemorar o lugar que o Direito ocupa na enciclopédia jurídica, alude à classificação das ciências de Spencer, que qualifica de magnífica, por esta ocasião nos dá notícia de uma classificação que é obra sua — ex proprio Marte.