Ou, ao contrário, entende o Sr. Romero por ciências verdadeiras as que dão simplesmente a certeza assertórica? Parece que não, porque então deveria enumerar entre elas a biologia, a psicologia, a economia política, que no entanto relega para a segunda classe — das quase ciências; quando é certo que as verdades que fazem objeto daquelas ciências são assertóricas, como o são as da química, as da física.

Mas, qualquer que seja o sentido em que o Sr. Romero tome a palavra — verdadeiras —, seu pensamento é contraditório e labora em deplorável confusão.

Quase-ciências. Que significa também esta locução ? Entre as quase-ciências coloca o Sr. Romero a biologia, a sociologia, o direito, a moral, a economia política. Mas todas estas ciências ocupam-se de verdades que são tão verdades como as da física, as da química e dão, como elas, a certeza, não apodítica, mas assertórica.

Qual é o característico que rebaixa uma ciência à categoria de quase-ciência?

Chamará o Sr. Romero quase-ciência a que tem por objeto hipóteses não demonstradas? Uma tal ciência não seria ciência, nem quase-ciência. As que estão em via de formação? Também ainda não são ciências, nem quase-ciências, mas ramos de conhecimentos que podem vir a constituir ciências.

Quase é um advérbio que exprime uma certa aproximação, sem definição, precisa. Que número de verdades deve a ciência ter conquistado e que número não deve ainda ter conquistado, para ser uma quase-ciência?

É roçar pelo burlesco.

Não faz menos honra ao talento e saber do Sr. Romero o terceiro membro da classificação — pretendidas ciências, na qual inclui a quiromancia, a astrologia, a teologia e a metafísica. O sábio professor tenta uma classificação das ciências e introduz nessa classificação ciências que não são ciências! Faz como faria um naturalista que dividisse um gênero de animais em três espécies e incluísse na última seres que não são animais!

Há ainda a notar:

1º — Que o Sr. Romero tomou para princípio da classificação um caráter que é comum a todas as ciências e que portanto jamais podia servir para dividi-las: toda a ciência é verdadeira, e, se não o é, então não é ciência.

2º — Que o caráter escolhido — verdadeiras — não determina nem dá ideia da natureza e do objeto das ciências. Sob este aspecto, sua classificação seria tão inteligente e útil como a de um catálogo de biblioteca que dividisse os livros em livros in fólio, livros in 4º, livros in 8º e livros in 12º.

Eis aí o que é a classificação das ciências do Sr. Romero: — uma síntese de dislates.(1) Nota do Prefaciador