III
LAFAYETTE, O LIBERAL
O quadro político de Minas
Lafayette Rodrigues Pereira, desde o berço, pertencia à forte grei "luzia" que no panorama político do império empresta às Minas Gerais um lugar de destacada importância, fato que ainda não foi suficientemente assinalado. Sendo a província mais populosa, com a maior representação no parlamento imperial, vinte deputados e dez senadores, Minas conhecia um fato relativamente raro no Brasil — vida urbana. Ou, melhor, um relativo equilíbrio entre campo e cidade.
As necessidades de exploração do ouro, desde as primeiras lavras nos cascalhos do leito dos rios até as grandes minas que perfuravam o seio das montanhas, obrigaram os homens a viver juntos. Os arraiais no fundo dos vales úmidos, se próximos uns dos outros, transformaram-se em cidades, como Ouro Preto, Sabará e outras. Em outros casos, conservaram-se modestos e humildes, mas vivendo. Verdadeiras cidades ou modestos arraiais, o território propriamente do ouro tornou-se rapidamente uma região coberta de núcleos urbanos, muito próximos uns dos outros. Daí dizermos nós em obra anterior que, contrastando com o latifúndio rural do complexo Casa Grande e Senzala, tivemos um latifúndio urbano e em profundidade, a mina do ouro no alto da serra, e o proprietário vivendo, com outros, em sobradões nas cidades situadas nos vales. Em qualquer das montanhas que rodeiam as cidades, há muitas minas, cada uma do seu proprietário.
As consequências deste viver em cidades foram infinitamente importantes. Primeiramente criaram hábitos de convivência, de cooperação, de competição. Passou a existir uma