LUÍS RODRIGUES MILAGRES
Da província do Minho, comarca de Monção, freguesia de Cambres, provém Luís Rodrigues Milagres, reinol que os sonhos de grandeza trouxeram para a terra virgem do Brasil.
Sua preferência foi, como é natural, pelas Minas Gerais, cujos caminhos, pontilhados de catas de puro ouro de beta ou de lavagem, o bandeirante já assimilara.
Aqui se fixou, em Catas Altas de Noruegas, levantando solar na fazenda de Boa Vista. Das terras, comprara ele as posses. Não lhe satisfizeram, contudo, tais títulos e, em 1753, alcançara carta de sesmaria de meia légua de terras no mesmo local.
Figura patriarcal, foi casado com dona Eufrásia Maria de Jesus, natural da freguesia de Ouro Branco e filha legítima de Francisco de Sousa Lima, português de São Salvador de Sabrosa, Vila Real, e da brasileira dona Maria Gomes de Oliveira, da freguesia do Rio de Janeiro.
Em seu testamento há luzes sobre sua gênese. Seu pai, Antônio Rodrigues, era filho de Pedro Gonçalves, e sua mãe, Páscoa Lourença, descendia de Domingos Lourenço, todos valencianos e da freguesia de Santa Maria da Moreira.
Por seu lado, dona Eufrásia Maria de Jesus era neta paterna do capitão-mor Domingos Fernandes e Maria de Jesus, de Cambreses, e materna de Pedro Gonçalves Domingos e de dona Antônia Gomes Godinha, todos originários do Reino.
De seu leito com dona Eufrásia houve numerosa prole: quatro varões e seis mulheres, que acabariam por fixar nas Minas a grei dos Milagres.
Luís Rodrigues, seu primogênito, herdeiro do nome e das virtudes paternas, foi o tutor de seus irmãos menores, quando faleceu seu pai. Arrojado e vivo, participou de perto da organização da vila de Queluz, quando de sua criação, em 19 de setembro de 1790.
Três anos após, de 1793 a 1794, exerceu as funções de presidente da Câmara Municipal e as de juiz ordinário do Termo, investiduras que por esse tempo cabiam a uma só pessoa, conferidas pelo voto popular.