de proporem os seus pareceres'. E a junta celebrou-se a 24 de março de 1734, noventa anos menos um dia da data em que o bisneto de D. João V dava ao Brasil a sua constituição de maior duração...

Nestas juntas houve quem dissesse verdades desagradáveis aos ouvidos de velhos servidores do Estado como o Conde das Galveias e Martinho de Mendonça — um reinol chamado Domingos de Abreu Lisboa, a repetir a linguagem virulenta de seus antepassados de Lisboa na Idade Média, disse coisas deste teor:

'Sua Majestade é soberano, absoluto, senhor de tudo, pode mandar e ser obedecido. Mas não queira lançar sobre nós o peso desta responsabilidade, nem que assumamos inteira nós a da comutação dos quintos. É coisa que não conseguirá da junta'.

E acrescenta:

'As minas foram achadas e povoadas sem auxílio algum da Fazenda de sua Majestade. Contente-se portanto com o que quiser o povo dar-lhe à conta dos quintos e com o direito de fabricar a moeda'.

Diz-se que Martinho de Mendonça de Pina e Proença até caiu doente ao ver 'tais e tantas irreverências ou desacatos à sagrada pessoa de Sua Majestade'. E Galveias agiu como diplomata até conseguir que os resultados fossem convenientes...

Por vezes, os governadores eram forçados a intrigar e, mesmo, a mentir, para dobrar os procuradores, tal a sua independência. Mesmo que, afinal, os interesses do Fisco prevalecessem, interesses que, naquele tempo, como hoje, gozavam de preferência sobre os interesses dos contribuintes, o simples fato de homens como esse Domingos de Abreu Lisboa possuírem uma tribuna por onde pudessem gritar claramente a sua mágoa, só isto era muito — já era um direito reconhecido ao povo. E, seja como for, muitas medidas se tomaram de acordo com as decisões dos procuradores do povo que, se não conseguiram impor a sua vontade aos governadores e à Coroa, alcançaram resultados positivos, entre os quais o adiamento de muitas providências desagradáveis, a conservação de certas formas de cobrança dos Quintos de agrado dos povos, além de uma fixação