do quantum do imposto em bases mais de acordo com os interesses dos mineradores. Se, como geralmente se admite, hoje, a arrecadação do imposto não atingiu os limites da lei — muitas vezes andou por 8% da produção do ouro —, isto se deve ao sistema das juntas.

Depois de 1750 desapareceram as juntas.

Os tempos eram outros, com a substituição das ideias de Francisco Suarez na cátedra da Universidade e nos conselhos da Coroa por inovações absolutistas (Gonzaga, em seu Direito Natural, jamais cita o grande jesuíta que elevara a cátedra de Prima na Universidade de Coimbra a uma situação de prestígio internacional — para repetir Hobbes e outros inimigos da liberdade). Não havia mais ambiente para a formação de assembleias permanentes, nem para eleições em que Abreu Lisboa se elegesse contra a vontade do governador."

Muito embora as autoridades vivessem discordando das Juntas, podemos dizer que elas venceram. Não somente protelaram, adiaram, procrastinaram as medidas que eram do desejo do governo régio, como, também, acabaram impondo a sua vontade, quando na fase Pombal, fizeram cair a "capitação" (imposto mais justo, por ser imposto indireto, e que deu menos complicações) adotando o governo a solução das cem arrobas fixas, como era do gosto dos mineiros. Mas não lhes convinha em absoluto — o quinto nunca foi tão próximo da realidade quanto como no tempo das cem arrobas, antes, anteriormente, pagando o povo muito menos do que 20% de sua Majestade. Depois veio a decadência e, afinal, cobrava-se o que havia.

As Irmandades. A variegada e colorida população das Minas organizava-se em irmandades, de brancos, pardos e pretos, com estrutura própria, grande rivalidade, e prestígio social. Estas irmandades construíram igrejas, subvencionaram os artistas do Barroco mineiro, deram aos pretos africanos consciência de classe, integraram-nos no meio brasileiro, educaram-nos, auxiliaram-nos. Se a inscrição na Ordem do Carmo equivalia a um atestado público de nobreza (para aqueles labregos que em Minas campavam logo de fidalgos, para a irritada indignação do desembargador Teixeira Coelho), Nossa Senhora