pretexto à luta: o assassínio de um desprezível jornalista, diretor de um semanário torpe, vazadouro de ultrajes, onde se baldoavam nomes e reputações no mais despejado escândalo e a exoneração do ministério da Guerra. Contra aquela pústula moral, que empestava o ambiente, irrompia de todos os lábios um brado de indignação e de revolta(*) Nota do Prefaciador. Mas Lafayette se opunha a qualquer projeto de reforma da lei de imprensa, "o que importaria no desaparecimento da liberdade". Já em 1879 se declarava insuspeito, nutrindo e enunciando semelhante convicção: "Nestes últimos tempos, nenhum brasileiro tem sido, mais do que eu, vítima de injúrias, de calúnias, de convícios e insultos de todo gênero, da parte de certa imprensa, que substitui o talento da discussão pela perversidade da maledicência." A sua fórmula era a de Cavour: non tocate la stampa!. Voltavam à tona os remoques sobre a mudança política do presidente do conselho. Defendeu-o, pelo Jornal do Comércio, sob o pseudônimo de Salisbury, Rui Barbosa, cuja pena de jornalista se exercitava para a soberba campanha do Diário de Notícias, que tanto contribuiu para a queda do regime imperial. "Não há parvajola aí", escrevia Salisbury, "que se não divirta com o republicanismo do Sr. Lafayette. A surrada, encorreada e esfarpelada imagem do barreto frígio sorri, todas as manhãs, juvenil sempre, a esses senhores, como aos poetas de meia escodela a aurora dos dedos rosados". E citava o caso de Charles Dilke, um dos políticos mais eminentes da Inglaterra, agredindo numa conferência pública a administração da lista civil pela rainha, e declarando-se republicano, poucos dias depois. Tanto bastou para que o seu nome fosse o pasto de todas as gazetas e se visse, na Câmara dos Comuns, coberto de impropérios, a ponto de Lord Brougham comparar aquele recinto a um viveiro de animais. "Pois bem" conclui Salisbury, "Sir Charles Dilke, o alvo daquelas apupadas, é hoje membro do gabinete Gladstone e conselheiro da rainha. E até ao dia de hoje, não houve ainda, em toda a imprensa da Inglaterra, desde o Punch até o Times e a Quarterly Review, não houve, entre quantos têm escrito livros sobre a política daquele país, quem visse nesse fato uma apostasia, uma incongruência, uma fraqueza.