\"Não quero, nem devo responder ao discurso do honrado deputado ex-ministro da Guerra. Já manifestei o meu pensamento a seu respeito. Entendi, era juízo meu, que S. Ex. não tinha aptidão necessária para gerir os negócios da Guerra. É juízo meu e devo governar-me pela minha cabeça. Diante deste juízo convidei o nobre deputado a retirar-se do ministério. O nobre deputado é homem de espírito cheio de vacilações e de hesitações. Muitas vezes, diante de suas hesitações, convenci-me de que era realidade, e não cousa imaginária, a hipótese de Buridan.\"
Nessa tumultuosa sessão, Lafayette foi implacável e fulminante. A cada um dos que o tinham agredido na véspera, em discurso ou apartes, brindou com uma ferretoada sangrenta. Mas o harpão mais afrontoso foi destinado a um deputado da Paraíba: \"Devo ser justo e, portanto, dirigir as minhas felicitações ao ilustre representante da província da Paraíba pela grande parte que lhe coube nos sucessos da sessão anterior. S. Ex. tem o direito de vindicar a glória dessa jornada, assim como o companheiro do leão da fábula tinha o de chamar para si a honra da caçada.\" O deputado não entendeu a alusão ferina. Somente quando lhe mostraram, na fábula da La Fontaine, os dous versos em que o asno presumido se ufana dos seus zurros:
\"N\'ai-je pas bien servi dans cette occasion?
Dit l\'âne, en se donnant tout l\'honneur de la chasse\",
foi que prorrompeu em trovejante desforra contra Lafayette. Convidado pelo presidente da Câmara a retirar as expressões insultuosas, retrucou: \"Estou pronto a retirá-las quando o Sr. presidente do conselho retirar a fábula.\"
Afinal interveio Ferreira Viana, declarando que por sua autoridade própria retirava a fábula e a frase do deputado. E o incidente terminou em boa paz.
Tinha Lafayette o hábito original de simular ingenuidade e candura diante de certas interpelações da minoria. Perguntando-lhe um deputado do Ceará quando e como pretendia o