consistia num alfinete de gravata em forma de punhal, para que mutuamente se reconhecessem os conspiradores. Começavam estes os seus trabalhos quando lhes deu caça o famoso chefe de polícia, Ludgero Gonçalves da Silva, desconfiado de tantos punhais, espetados em gravatas, que apareceram na cidade.
Aturdidos os conjurados, dous dentre eles Aristides Lobo e Salvador de Mendonça, foram procurar o espanhol na pensão em que morava. Tinha fugido na véspera, rumo da Europa, a bordo de um paquete inglês!
Nos lazeres que lhe deixava uma vasta clientela, que de todos os pontos do país disputava seus luminosos pareceres, parcamente retribuídos, mas que quase sempre influíam na decisão de importantes e avultadas questões patrimoniais, Lafayette não descurava os estudos literários e jurídicos. Em 1899 aparece o seu livro Vindiciae, em que se revela um vigoroso polemista, profundamente versado na filosofia do direito e na história literária. Foi desapiedado contra Sílvio Romero, que, em 1883, nos Ensaios de crítica parlamentar, o tinha crivado de injustos baldões chamando-lhe "mediocridade feliz" de ideias "vesgas e aleijadas" e "alfarrabista jurídico sem filosofia, sem sistema e sem senso crítico". Este volumezinho de 250 páginas é uma essência concentrada de finíssima ironia e de sarcasmo corrosivo, de envolta com uma secreta e maravilhosa intuição da crítica, em períodos vivazes, nervosos, cortantes, vestidos numa locução aprimorada e castiça. Kantiano obstinado, Lafavette pulveriza, em páginas magistrais, o monismo atribuído por Sílvio Romero "ao maior gênio da filosofia" e a filiação, por ele imaginada, entre o sistema filosófico de Spencer e o kantismo. O capítulo em que defende Machado de Assis das increpações do célebre crítico é um modelo de apurado gosto e de penetrante percepção estética. Poucos anos depois vêm a lume os Princípios de direito internacional, em cujo prefácio Lafayette reivindica os direitos das nações fracas, embora se mostre desalentado em face do triunfo crescente dos fortes: "Diante deste espetáculo, que serve de transição do século XIX para o século XX, compor e publicar um livro de Direito Internacional e invocar a moral e o direito como as regras supremas das relações da nação a nação pode