de federalismo, como as que se referiam a um tipo radical de liberalismo, e um estilo mais social. Alguém já imaginou o que seria o diálogo Rui-Nabuco, se a sobrevivência do Império houvesse permitido uma política em bases ideológicas, em lugar da luta entre pessoas do presidencialismo republicano? Pelo que se depreende destas cartas, em Minas havia mais a pura animosidade pessoal, chefes em luta, rivalidades de liderança. Quem comandaria os "luzias"?

Não haveria, naturalmente, muita diferença ideológica entre Ouro Preto e Lafayette. Mas, certamente, nenhum apreciaria estar sob as ordens do outro.

Liberalismo e republicanismo

O liberalismo usineiro ladeia o republicanismo, sem contudo declarar-se tal. Terminaria sendo meio adverso ao ideal revolucionário. Alguns epígonos do espírito "luzia" chegaram a usar, rapidamente, o barrete frígio, outros aceitavam a monarquia liberal, preferindo a república. Outros eram monarquistas sinceros. Em geral eram "para-republicanos". Os do Distrito Diamantino eram francamente republicanos, ou, pelo menos, antimonárquicos. Os de Ouro Preto aceitavam com mais tranquilidade a monarquia. Na prática, é muito difícil definir a posição exata de qualquer deles, ainda mais que, geralmente, oscilavam muito. Alguns documentos, por exemplo, provam o monarquismo de conveniência: não se acreditava a república possível, vivia-se no Império. Seriam sinceros estes depoimentos, proferidos já em plena república, ou apenas uma hábil justificativa?

A posição liberal mineira pode ser explicada com relativa facilidade, se considerarmos as ideias do tempo e certas circunstâncias locais.

O século XIX era essencialmente republicano. Ou melhor, dominava correntes liberais, hostis à monarquia, e para as quais não existia qualquer justificação teórica para a realeza. Aliás, o princípio cardeal era que o poder eletivo, por sua própria natureza, consultava melhor às exigências do bem comum e, principalmente, era melhor orientado do ponto de vista democrático.