recolhem-nos à tarde ao curral, onde ficam resguardados dos ataques dos animais carnívoros. Quando as ovelhas dão cria, têm alguns fazendeiros o cuidado de recolher os cordeiros ao estábulo, subtraindo-os, destarte, à voracidade dos caracarás (15) Nota do Autor, que, segundo dizem, lhes comem a língua. Costumam tosquiar os carneiros em fins de agosto, antes do verão. Têm eles maior avidez pelo sal que os bovinos, e os criadores mais desvelados administram-lhes esse alimento de quinze em quinze dias (16) Nota do Autor.
Ao que até aqui escrevi com referência aos Campos Gerais, preciso acrescentar que são as enormes pastagens a sua principal fonte de riqueza. Elas são excelentes e oferecem ao gado a mais nutritiva alimentação; exceto nos meses de geadas, conservam-se tão verdes como as nossas pradarias na primavera, sem que, entretanto, se esmaltem de tão grande variedade de flores. A relva que as constituem, quando nova, é extremamente fina e tem a denominação de capim‑mimoso.
Como em Minas e Goiás, queimam-se os pastos a fim de que o gado encontre, na erva tenra que nasce depois do incêndio, nutrição agradável e substanciosa. Da mesma forma que os criadores do distrito do Rio Grande, perto de São João del-Rei (17) Nota do Autor, os dos Campos Gerais dividem o pasto em várias porções a que ateiam fogo sucessivamente, de modo que os animais tenham sempre erva nova. Conforme a extensão das fazendas, queimam-se no correr do ano duas ou três porções de campo, a primeira em agosto, a segunda em outubro e a terceira em fevereiro. Só incendeiam os pastos que tenham, pelo menos, um ano, havendo-se observado que, quanto mais antiga é a relva, com maior vigor ela nasce.