Viagem à comarca de Curitiba

Ao capim novo, chamam verde; ao antigo, macega. O primeiro apresenta-se quase rente ao solo, ao passo que o segundo atinge mais ou menos a altura do que reveste os nossos prados. Vi, a 13 de fevereiro, queimarem um campo. O fogo consumira as hastes e as folhas secas e apenas chamuscara as que ainda estavam verdes; estas remanesceram, formando manchas no solo, e o campo, após a queimada, assemelhava-se aos nossos prados quando ceifam o feno e, ao fazerem as medas, o ancinho deixa de apanhar as hastes que escaparam aos segadores. Três dias após, o campo começa a reverdecer e ao cabo de uma semana o gado já pode encontrar ali com que se alimentar. Os campos frequentemente queimados e os incessantemente trilhados pelos animais, ficam enfraquecidos: rareiam as gramíneas, e vegetais, em geral subarbustos, pertencentes a outras famílias, tomam o seu lugar. Nunca se encontram, por exemplo, pastos bons em torno das moradias; mas pode restituir-se a primitiva fertilidade aos que a perderam, deixando por algum tempo de atear-se-lhes fogo. Em fevereiro, quando ali estive, nenhuma flor encontrei nas macegas; entretanto, havia uma infinidade delas nos trechos de campo que fazia muito tempo não tinham sido queimados.

Nos excelentes pastos dos Campos Gerais invernam as numerosas tropas de muares que vêm do Rio Grande do Sul divididas em pontas de quinhentas a seiscentas mulas. Essas tropas chegam em fevereiro, após atravessarem, entre Lapa e Lajes, os sertões de Viamão, onde emagrecem extraordinariamente; muitas vezes, não continuam, de imediato, a viagem, a fim de que os animais repousem até o mês de outubro e só então prosseguem a jornada para Sorocaba. No começo da invernada, fazem regressar, a exceção de dois ou três, os camaradas que auxiliaram a conduzir as tropas até ali e tomam outros quando reencetam a viagem.

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