Viagem ao Tapajós

de queda em queda, correndo de rápido em rápido. Para jusante é o Vale Amazônico; para montante, o Planalto Central Brasileiro.

Após intermináveis tateamentos, compreende-se hoje que o ponto ideal indicado para cabeça do Tapajós navegável é o de contato deste com o Tapajós das cachoeiras. Ficaria muito espantado se daqui a alguns anos não visse erguer-se na enseada de Goiana-Lauritânia uma pequena cidade de rápido desenvolvimento.

No momento, há ali, no máximo, uma dezena de construções. Os vapores chegam, encostam no ponto escolhido; empurram uma prancha de bordo para terra, e eis o trapiche! Em Goiana, em Bela Vista, em Lauritânia, as facilidades são exatamente as mesmas.

É de Lauritânia, ilhota de trinta e nove hectares, propriedade do muito simpático sr. Joaquim José Pereira da Cunha, que partimos para a luta com AS CACHOEIRAS!

Por mais habituado que esteja neste gênero de viagens, não é sem um estremecimento do coração que mais uma vez me lance à disputa contra as grandes águas furiosas dos rios heroicos.

Poesia!... dirão. Um provérbio local responde: Não há inferno para os cachoeiristas, porque eles muito sofreram já no purgatório!

Entretanto, há atrativos nesse perigo. Pouco adianta haver naufragado repetidamente nas cachoeiras; nada impedirá de afrontá-las de novo. O arriscado exercício torna-se em breve uma emoção necessária. Os acidentes podem ser frequentes; ninguém considerará o perigo senão

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