Tratados da terra e gente do Brasil

NOTA ADITIVA

Sobre o clérigo português mágico, como chama Cardim, ou nigromático, segundo Anchieta – Informações e fragmentos historicos, p. 5, ou padre do ouro, conforme frei Vicente do Salvador – Historia do Brasil, liv. III, cap. XV, – a documentação que possuímos já é copiosa, graças à publicação dos processos da Inquisição, que levaram o erudito Dr. Capistrano de Abreu a identificá-lo com Antonio de Gouvêa, ilhéu da Terceira, clérigo de missa, pertencente por algum tempo à Companhia de Jesus. Na Europa andou envolvido nas malhas da Inquisição por certas práticas com que não estava de acordo a Igreja Católica; vindo degredado para o Brasil, ficou em Pernambuco, obteve do bispo D. Pedro Leitão a reintegração nas ordens sacras e caiu nas graças de Duarte Coelho de Albuquerque. Dava-se por alquimista e grande conhecedor de minas. "Suas façanhas chegaram ao velho mundo", escreve o Dr. Capistrano de Abreu, (Um visitador do Santo Ofício, Rio de Janeiro, p. 4), "acusavam-no de dizer missa com paramentos heréticos em sítios vedados pelo concílio tridentino, de matar ou ferrar na cara índios tomados em combate, de arrancar as cunhãs a seus donos ou amantes, de desafiar para duelos, de difamar os jesuítas, atribuindo-lhes pensamentos suspeitos, doutrinas heréticas, etc. Preso na rua Nova de Olinda, nas pousadas de Anrique Affonso, juiz ordinário, a 25 de abril de 1571, foi internado a 10 de setembro no cárcere de Lisboa, aonde em 30 de dezembro de 1575 pedia em audiência aos membros do tribunal que o quisessem despachar ou lhe dar culpas que contra ele tivessem para se defender e livrar delas".

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