ó zaraguelles estrechos), diz "huarayoc el le los trae (sc. estos pañetes ó zaraguelles)". E em seguida declara: "de aqui el nombre de los indios guarayos ó guarani tomado esto segundo del Aymará; ni em Aymará equivale al yoc de la Quichua: Huarani e Huarayoc son lo mismo y conviene muy á proposito á los indios, que vivian desnudos y no llevaban mas que el taparabo ó pañetes bajos".
A composição huara-yoc em quíchua está exata, visto como ambos os temas pertencem à língua. Porém, sem embargo de ser o aimará muitíssimo conexo com o quíchua, contudo já não é lícito tanta liberdade de composição. Em aimará huara é tema de um vocábulo que significa "estrela" e de um verbo que significa "espantar". Não conheço bem o modo de composição para afirmar que huara-ni pudesse exprimir "brilhante" (como estrela) ou "espantoso".
Admitida porém a explicação dada por Mossi, temos em aimará para exprimir "calções" vecara, e por conseguinte vecarani correspondendo em aimará a huarayoc em quíchua.
Acho aceitável isto até certo ponto. Com efeito a língua geral ou o abanheenga era designada igualmente por guarani e por tupi, e talvez ainda etnologicamente representem os dois vocábulos o mesmo povo, a mesma raça. Os índios desta nacionalidade (como se vê nos respectivos artigos) quando falavam de si, designavam-se por Tupinambá, Tamôi, etc.
Assim, parece que o nome guarani lhes era dado por outros. E como até as missões do Paraguai foram a princípio sujeitas ao geral do Peru, é muito natural que de lá lhes viesse a denominação de guaranis, trazida pelos espanhóis do Peru. Não me parece cousa muito de estranhar não só a mudança de Harayoc em Guarayó, nem a aglutinação de Vecarani em guarani (Veja-se também o expendido em cara). E já vimos também que em A. d'Orbigny (L'homme americain), Guarayó é o nome dos últimos índios que falam o mais puro abanheenga no interior, quase no centro da América do Sul.
BAPTISTA CAETANO DE ALMEIDA NOGUEIRA