cabeças das Onze Mil Virgens, com outras muitas e grandes relíquias de santos, e uma imagem de Nossa Senhora de São Lucas, mui formosa e devota.
A cerca é muito grande, bate o mar nela, por dentro se vão os padres embarcar, tem uma fonte perene de boa água com seu tanque, aonde se vão recrear; está cheia de árvores de espinho, parreiras de Portugal, as quais se as podam a seus tempos, todo o ano estão verdes, com uvas, ou maduras ou em agraço. A terra tem muitas frutas, sc. ananases, pacobas, e todo o ano há frutas nos refeitórios. O ananás é fruta real, dá-se em umas como pencas de cardos ou folhas de erva babosa, são da feição e tamanho de pinhas, todos cheios de olhos, os quais dão umas formosíssimas flores de várias cores: são de bom gosto, cheiram bem, para dor de pedra são salutíferos; delas fazem os índios vinho, e tem outras boas comodidades; a maior parte do ano os há. Tem alguns coqueiros, e uma árvore que chamam cuieira que não dá mais do que cabaças, é fresca e muito para ver. Legumes não faltam da terra e de Portugal; brinjelas, alfaces, couves, abóboras, rábãos e outros legumes e hortaliças. Fora de casa, tão longe como Vila Franca de Coimbra, tem um tanque mui formoso, em que andará um bom navio; anda cheio de peixes; junto a ele há muitos bosques de arvoredos mui frescos; ali se vão recrear os assuetos, e no tanque entram algumas ribeiras de boa água em grande quantidade (XI).
O colégio tem três mil cruzados de renda, e algumas terras adonde fazem os mantimentos; residem nele de ordinário 60; sustentam-se bem de mantimentos, carne e pescados da terra; nunca falta um copinho de