e sobrecéu de veludo verde, uma caixa de prata, em que está a relíquia de São Cristóvão, outros deram algumas sedas, e botijas de azeite para a alampada; as mulheres, já que não gozavam da festa, por ser dentro de casa, mostraram a muita devoção que têm às santas Virgens, em darem os melhores espelhos que tinham para vidraças, e alguns deles tinham mais de um palmo em quadro. E o padre visitador nesta parte fez mais fruto com seu relicário em tirar os espelhos, que os pregadores com as pregações.
Chegadas outra vez as monções do Sul, no fins de junho, partimos para Pernambuco, padre visitador, padre Rodrigo de Freitas, com outros padres e irmãos, que por todos éramos quatorze; não foi o padre provincial, porque ficava muito mal na Bahia. Ao segundo dia com vento contrário, arribamos ao morro de São Paulo, barra de Tinharé, 12 léguas da Bahia, aonde estivemos 11 dias, sem fazer tempo para continuarmos a viagem. Aqui estivemos dia de São João Batista, São Pedro e São Paulo, nos quais dizíamos missa em um teigupaba (LV) de palha. Os irmãos, passageiros e marinheiros, comungaram nestas festas: passávamos estes dias com boa musica, que alguns irmãos de boas falas faziam frequentemente ao som de uma suave flauta, que de noite nos consolavam e de madrugada nos espertavam com devotos e saudosos salmos e cantigas. Pelo navio ser de casa e andarmos bem acomodados, sempre somos no mar providos de todo o necessário, assim na saúde como enfermidades, tão bem como em casa. E nestes dias o fomos de vários pescados com que cada dia se fartava o navio. Algumas vezes íamos gastar as tardes com boa música e práticas espirituais, sobre um fresco