Tratados da terra e gente do Brasil

fazendo um cantar de gritos estranho que se ouve muito longe, e como acabam esta festa, grita, e dança, o que estava como morto se alevanta, e dá um grande assovio, e grito, e então todos se vão, e acabam sua festa, e nela estão tão embebidos quando a fazem que ainda que sejam vistos, e os espreitem não fogem; destes há muitas espécies, e todos têm acidentes.

Quereiuá – Este pássaro é dos mais estimados da terra, não pelo canto, mas pela formosura da pena; são de azul claro em parte, e escuro, e todo o peito roxo finíssimo, e as asas quase pretas são tão estimadas, que os índios os esfolam, e dão duas e três pessoas por uma pele deles, e com as penas fazem seus esmaltes, diademas, e outras galantarias.

Tucano – Este pássaro é do tamanho de uma pega; é todo preto, tirando o peito, o qual é todo amarelo com um círculo vermelho; o bico é de um grande palmo, muito grosso e amarelo, e por dentro vermelho, tão brunido e lustroso, que parece envernizado; fazem-se domésticos, e criam-se em casa, são bons para comer, e a pena se estima muito por ser fina.

Guigraponga – Este pássaro é branco, e sendo não muito grande, dão tais brados que não parece senão um sino, e ouve-se meia légua, e seu cantar é ao modo de repique de sino.

Macucaguá – Esta ave é maior que nenhuma galinha de Portugal; parece-se com faisão, e assim lho chamam os portugueses, tem três titelas uma sobre a outra, e muita carne, e gostosa, põe duas vezes no ano, e de cada vez 13 ou 15 ovos; andam sempre pelo chão, mas quando vem gente se sobem nas árvores, e à noite quando se empoleiram como fazem as galinhas.

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