DAS ÁRVORES QUE SERVEM PARA MADEIRA (IX)
Neste Brasil há arvoredos em que se acham árvores de notável grossura, e comprimento, de que se fazem mui grandes canoas, de largura de sete, e oito palmos de vão, e de comprimento de 50 e mais palmos, que carregam como uma grande barca, e levam 20 e 30 remeiros; também se fazem mui grandes gangorras para os engenhos. Há muitos paus como incorruptíveis que metidos na terra não apodrecem, e outros metidos na água cada vez são mais verdes, e rijos. Há pau-santo, de umas águas brancas de que se fazem leitos muito ricos, e formosos. Pau do Brasil, de que se faz tinta vermelha, e outras madeiras de várias cores, de que se jazem tintas muito estimadas, e todas as obras de torno e marcenaria. Há paus-de-cheiro, como jacarandá, e outros de muito preço e estima. Acham-se sândalos brancos em quantidade. Pau de áquila em grande abundância que se fazem navios dele, cedros, pau de angelim, e árvore de noz-moscada; e ainda que estas madeiras não sejam tão finas, e de tão grande cheiro como as da Índia, todavia falta-lhes pouco, e são de grande preço, e estima.
DAS ERVAS QUE DÃO FRUTO, E SE COMEM (X)
Mandioca – O mantimento ordinário desta terra que serve de pão se chama mandioca, e são umas raízes como de cenouras, ainda que mais grossas e compridas. Estas deitam umas varas, ou ramos, e crescem até a altura