de 15 palmos. Estes ramos são muito tenros, e têm um miolo branco por dentro, e de palmo em palmo têm certos nós. E desta grandura se quebram, e plantam na terra em uma pequena cova, e lhes ajuntam terra ao pé, e ficam metidos tanto quanto basta para se terem, e daí a seis, ou nove meses têm já raízes tão grossas que servem de mantimento.
Contém esta mandioca debaixo de si muitas espécies, e todas se comem e conservam-se dentro na terra, três, quatro, e até oito anos, e não é necessário celeiro, porque são fazem senão tirá-las, e fazer o mantimento fresco de cada dia, e quanto mais estão na terra, tanto mais grossas se fazem, e rendem mais.
Tem algumas cousas de notas, sc. que tirado o homem, todo animal se perde por ela crua, e a todos engorda, e cria grandemente, porém se acaba de espremer, beberem aquela água só por si, não têm mais vida que enquanto lhe não chega ao estômago. Destas raízes espremidas, e raladas, se faz farinha que se come; também se deita de molho até apodrecer, e depois de limpa, espremida, se faz também farinha, e uns certos beijus como filhós, muito alvos, e mimosos. Esta mesma raiz, depois de curtida na água feita com as mãos em pilouros se põe em caniços ao fumo, onde se enxuga e seca de maneira que se guarda sem corrupção quanto querem e raspada do fumo, pisada em uns pilões grandes, e peneirada, fica uma farinha tão alva, e mais que de trigo, da qual misturada em certa têmpera com a crua se faz uma farinha biscoitada que chamam de guerra, que serve aos índios, e portugueses pelo mar, e quando vão à guerra como biscoito. Outra farinha se faz biscoitada da mesma água da mandioca verde se a deixam coalhar