Tratados da terra e gente do Brasil

Igpecacoaia – Esta erva é proveitosa para câmaras de sangue: a sua haste é de comprimento de um palmo, e as raízes de outro, ou mais; deita somente quatro ou cinco folhinhas, cheira muito onde quer que está, mas o cheiro é fartum e terrível; esta raiz moída, botada em um pouco de água se põe a serenar uma noite toda, e pela manhã se aquenta a água com a mesma raiz moída, e coada se bebe somente a água, e logo faz purgar de maneira que cessam as câmaras de todo.

Caiapiá – Esta erva há pouco que é descoberta, é único remédio para peçonha de toda sorte, máxime de cobras, e assim se chama erva-de-cobra, e é tão bom remédio como unicórnio de Bada, pedra de bazar, ou coco de Maldiva. Não se aproveita dela mais que a raiz, que é delgada, e no meio faz um nó como botão; esta moída, deitada em água e bebida mata a peçonha da cobra; também é grande remédio para as feridas de flechas ervadas, e quando algum é ferido fica sem medo, e seguro, bebendo a água desta raiz; também é grande remédio para as febres, continuando-a, e bebendo-a algumas manhãs; cheira esta erva a folha de figueira de Espanha.

Tareroquig – Também esta erva é único remédio para câmaras de sangue: as raízes são todas retalhadas, os ramos– muito delgadinhos, as folhas parecem de alfavaca, as flores são vermelhas, e tiram algum tanto a roxo, e dão-se nas pontinhas. Desta há muita abundância, quando se colhe é amarela, e depois de seca fica branca; toma-se da própria maneira que a precedente. Com esta erva se perfumam os índios doentes para não morrerem, e para certa enfermidade que é comum nesta terra, e que se chama doença do bicho, é grande remédio,

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