Castro Alves - o poeta e o poema

Pernambuco abaixa a coma

Agacha-te um pouco e toma

O peso do Paraguai...

Foi Castro Alves indiferente a esta veemência do nosso provocador imperialismo no Prata: a não ser à partida de um amigo para a guerra, Maciel Pinheiro, o "peregrino audaz", — em uma festa de caridade pelos órfãos, — cujos pais caíram "do vasto pampa no funéreo chão", — só há uma de suas poesias O Pesadelo de Humaitá que trate deste assunto, e estava de hóspede no Rio, na redação de um diário carioca, assistindo à passagem de uma manifestação patriótica — e provocado ou solicitado, produziu aqueles versos, que, embora aplaudidos, lhe mereceram a condenação de artista — "não se publica": foi a nota que lhes pôs à margem.

Se os dois poetas não tiveram sentimentos e ideias comuns, poderiam ter entretanto o estilo, a ênfase altaneira de sua eloquência: nada mais diferente do que o tom e a execução artística desses dois poetas, um medíocre, do qual não há uma só poesia que inteiramente se possa citar com agrado, e o outro a quem sobejaram os triunfos não só do povo que as ouviu, como da posteridade que as lê, ainda agora comovido.

Pretende Sílvio Romero que a poesia heroica, de origem hugoana, foi novidade aqui introduzida por Tobias Barreto, e se Castro Alves foi hugoano, será depois de Tobias e, portanto, seu discípulo.

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