Pequena história das artes plásticas no Brasil

com especial cuidado e dentro das quais se encontravam esqueletos e objetos, possivelmente pertencentes ao morto. Ehrenreich e Goeldi atribuem as antigas cerâmicas paraenses aos araks; M. Uhle às chibchas, não se podendo precisar "que grupo ou grupos étnicos produziram esse notável atestado de cultura artística", nem época definitiva do seu florescimento.

Ladisláu Netto estudou as cabeças de ídolos e adornos antropomorfos da cerâmica marajoara, sem poder descobrir a que tipos predominantes pertenciam, tantas e diferentes eram. As cabeças possuíam formas diversas, por vezes grotescas, de ordinário fazendo parte de vasos. Tinham semelhanças com os maias e os umauás. Acharam-se também cabeças de animais, donde a pergunta do sábio: "Teria esse homem conhecido o animal de que deixou o perfil ou foi o seu trabalho pura fantasia, por acaso revestido de singular coincidência?"

As urnas funerárias eram curiosíssimas. De formas várias. Representando animais como o jaboti, a lhama, a anta, a tartaruga. Os ídolos não eram menos singulares, pela forma e ornamentação, dando à louça uma tão bela revelação artística, que o monge Gaspar de Carvajal a dissera: "la mejor que se há visto, em el mundo, porque Ia de Malaga não se iguala com ella." Hartt achava encontrar no meio delas "tipos naturais ou verossímeis de diversíssimos povos, e será bem difícil dizer-se em que países habitavam e a que idade da história humana pertenciam".

Os caracteres simbólicos da gente aruã, comparados aos caracteres simbólicos dos hindus, dos chineses, dos mexicanos e dos egípcios, trazem logo à memória de quem investiga estes casos, um contato efetivo e milenar entre marajoaras e nações longínquas.

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