Pequena história das artes plásticas no Brasil

Declara o portentoso prosador do Anfiteatro Amazônico (1) Nota do Autor que os arqueólogos remarcam uma nota originalíssima na cerâmica de Marajó: a tanga de barro da mulher. E, mais do que isso talvez: os caracteres simbólicos nessa tanga. Só a oleira marajoara fez e usou esse escudo de argila e nele imprimiu todos os seus recursos plásticos. "Modelada nas linhas dum triângulo revestido de esmalte, a tanga recebia então o floreio ornamental duma paleografia misteriosa", que ninguém ainda decifrou.

Nas antiguidades de Micenas, que o Dr. Schliemann expôs à luz da ciência histórica, foram encontrados numerosos fragmentos de vasos onde os adornos, figuras simbólicas ou de pura fantasia, se manifestam em avultada cópia, sobressaindo de modo notável as cruzes inscritas em losangos, tão comuns nos vasos de Marajó.

O ilustre arqueólogo paulista, professor Jorge W. Tybiriçá, interpretador consciencioso dos símbolos na louça de Marajó, já mostrou o contato da gente da ilha de Pacoval com os povos do Mediterrâneo, abrindo, com os seus estudos, "clarões magníficos na penumbra ceramista dos aruãs".

Raymundo Moraes chega à mesma conclusão, afirmando:

"Dos vasos domésticos aos vasos mortuários, dos alguidares às panelas, repontam fisionomias representadas nas sensacionais linhas arquitetônicas de embarcações. O sentido navegante da tribo, a índole do inquietado nauta avultam e se refletem em cada vasilha".

E depois:

"Aqueles esquisitos hieróglifos da sua nômade paleografia, cinzelados ou pintados na urna funerária

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