Pequena história das artes plásticas no Brasil

frutescência, cactos, cipós, cajueiros, detalhando em naturezas mortas as frutas decorativas — o caju, o abacaxi, o cajá, a pacova. Reproduziram a imagem de fascinantes borboletas e animais desconhecidos para eles, como saguis, preguiças, tamanduás, capivaras, pacas, tatus, preás, caranguejos, guaiamuns, onças, cobras, jacarés, siriemas, lagartos, antas, inúmeros outros, bem como se esmeraram em copiar as tintas ricas de plumagem de beija-flores, gaturamos, periquitos, papagaios, araras, tucanos.

Depois vinham as praias lindas e imensas, o mar verde, engenhos de açúcar, canaviais sussurrantes, arrabaldes e palácios de sábia arquitetura, a qual a renascença holandesa imprimira mimos ornamentais nos baixo-relevos, medalhões, cariátides, arcadas, pilastras, colunatas e decorações plenas de motivos e influências pernambucanas.

A Post, Eckhout e Wagner cabem assim a prioridade de ter fixado "fisionomias americanas espécimes da flora e da fauna do Novo Mundo", deixando-nos documentos de indiscutível valor etnográfico e histórico.

Franz Post, talvez o maior pintor da missão, nasceu em Harlem, em 1612, sendo filho do pintor de vitrais Janz Post, Sotto Mayor considerando-o "fundador da pintura brasileira", Argeu Guimarães chamando-o de avô dela. Post pintou inúmeros quadros a óleo e à aquarela, tendo deixado numerosos desenhos, crayons e esboços. Alfredo de Carvalho presume que muitos trabalhos tenham ficado entre os milhares de holandeses que não puderam regressar à pátria e que se dispersaram pelas províncias limítrofes de Pernambuco. O que se tem como certo é que muitíssimos deles se perderam em incêndios, outros se espalham por museus e galerias do mundo, atestando uma atividade ininterrupta de quarenta e dous anos (1637-1679).

Pequena história das artes plásticas no Brasil - Página 32 - Thumb Visualização
Formato
Texto