Viagem pelo Amazonas e rio Negro

e o profundo interesse que despertavam em mim para o seu estudo, aquelas remotas paragens, habitadas por várias raças do gênero humano, foram tais que eu, dali por diante, resolvi continuar firmemente no objetivo em que me embrenhara, excitando ainda mais o prazer e o desejo de percorrer de novo os selvagens e luxuriantes cenários, palpitantes de vida, dos trópicos.

Nas páginas que se seguem, fiz uma narrativa das minhas excursões e das impressões que recebi então.

A primeira e a última parte do livro, com poucas alterações, foram extraídas do meu diário de viagem.

Todas as outras notas, porém, feitas durante dois anos, bem como a maior parte das minhas coleções e esquemas, perderam-se, por ocasião do incêndio do navio em que eu vinha de volta para casa.

Com as notas fragmentárias e outros papéis, que eu ainda pude salvar, escrevi a parte intermediária e os quatro últimos capítulos sobre a história natural da região e sobre as suas tribos de índios, das quais, se eu houvesse salvado todos os materiais que ali colhi, conforme era minha intenção, teria eu feito um trabalho separado sobre a história física do Amazonas.

Em conclusão: tenho certeza de que a grande perda de materiais que sofri, os quais sem dúvida seriam devidamente apreciados pelos viajantes e naturalistas, possa ser tomada em consideração, para explicar as lacunas e imperfeições da presente narrativa, bem como a deficiência e esterilidade da outra parte do meu trabalho, tão pouco e tão pequeno em relação ao que era de esperar-se de uma residência de quatro anos em tão interessante e tão pouco conhecida região.

Londres, outubro de 1853.