Euclides da Cunha a seus amigos

Seria já previsão da tragédia que o prostrou varado de balas? Adalgizo, que o conhecera de privação íntima, comentava assim: o dia em que a ideia de traição lhe atravessasse a cabeça seria Euclides assassino ou assassinado.

Assassinado, começou a sua geena dolorosa.

Deste dia em diante, no comentário da imprensa e das conversas, no julgamento rápido e apressado da multidão e até na barra do prataria, onde nem se ouviu a voz de protesto da verdade e da justiça, passou Euclides a ser apenas o homem de inteligência e de cultura, tisnado no caráter e na afetividade pela advocacia mercenária e inescrupulosa.

Não foi bastante o grito indignado de Nestor da Cunha pela "Gazeta da Tarde" em 1911.

Continuaram a mesma injustiça e a mesma infâmia.

Em 15 de agosto de 1911 a sucessão na Academia Brasileira deu a Afrânio Peixoto a oportunidade de uma reivindicação. Se o discurso famoso e formoso no que se refere à obra de Euclides pode merecer qualquer reparo idólatra mais exigente, o que tange ao homem, à sua vida pública, é um perfil de gigante, de dimensões imensas, mas justas.

O escritor e o homem de pensamento se completavam deste modo com o homem de caráter, na atitude pública.

Restava ainda a vida privada, a vida íntima e afetiva.

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