Euclides da Cunha a seus amigos

Embora Euclides fosse dono de um legítimo orgulho e se comprazesse tantas vezes no isolamento, havia nela um imperativo de comunicabilidade acentuado, que o obrigava a companhia de algumas afeições. Participou sempre dos encantos da intimidade dos seus grandes amigos, sendo acolhido nos seus lares com alegria e carinho fraternais. Para a maioria deles o vazio de afeição que a sua morte abriu foi maior do que o da inteligência.

Mais feliz que o filósofo grego, escasseavam-lhe na sua existência, em tanta cousa malfadada, os dedos na contagem dos amigos, que principalmente a admiração pelo seu gênio lhe deu.

A maioria desses amigos foi da fase d'Os Sertões.

Da Escola Militar, do período da adolescência, o maior de todos, que lhe valeu à memória o milagre de uma ressurreição, foi Alberto Rangel. Veio da Escola a grande amizade fraternal, que afinidades de temperamento reuniriam mais tarde na estreia literária do Inferno Verde.

Eis como Alberto Rangel refere, em carta a Carlos Dias Fernandes, em 1905, o episódio maior da vida em comum do companheiro "de fileira, de escola, de juventude e de egressão".

"No portaló de um navio que vai soltar já do lado da baía o formidável dente de sua âncora forte e que, dos ardentes pulmões de sua caldeira, pelo tubo de descarga, está já a deitar fora sobras de seu fôlego monstruoso,

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