tu me pedes que dê notícias do escritor d'Os Sertões, Euclides da Cunha.
Deixei-o em Manaus, numa casita alpendrada com largo panorama de mata baixa, vingado em areias dessa Cachoeira Grande e Tarumã, distante pelo estendal verde de folhas murchas dos ramos, o entremeio de brumas que fazem fantástico desenrolar de caudais espumosas e alvas neste verde banco da baixada triste.
Piloto à cata de uma estranha plaga leva a sondar o horizonte das folhas noviças, e quando tudo delido pelas chuvas do inverno, só é curioso pelo que dizem padres e geógrafos do mistério do Amazonas. E de uma letra miúda, que exige aplicação de uma lente, ele vai arrumando a lenha que mais tarde o fogo do seu espírito queimará em grandes chamas a alumiar o passado em maravilhosos reflexos das águas dos rios e dos lagos remotos num sertão diante o qual a sua visão de Artista, como um Oreli de sonho, se alarga e se aprofunda.
Quando apareceu Os Sertões, o indígena literário foi tomado de assalto. De onde vinha esse moço? Qual o cadinho que apurou a sentimentalidade desse escritor, que veio assim de arrancada à crista de uma trincheira de um tatalar de asas fortes a uma frincha do céu?
De chapeleira na mão, enquanto o vapor do paquete chia nas válvulas, é tarde para dizer-to. E porque a tua mão se aperta nas minhas, diz a nossa saudade e o desejo que te revolve, deixam-me, a propósito, somente evocar uma página da minha mocidade.