Euclides da Cunha a seus amigos

E a espécie de Trapa intelectual a que se refere Nabuco, a propósito de Tautfoeus.

Era um homem, não modesto, porque era humilde. Rui Barbosa, que com ele conviveu, chamou-o "eruditíssimo e doutíssimo". Baptista Pereira, que herdou essa amizade e admiração, disse dele: "cabeça de Salomão". E Waldomiro Silveira: "esse assombro de engenho, de cultura e de bondade". Não tinha um diploma, mas sabia tudo: arte, ciência, literatura, história, paleografia, política, direito e tudo isso com humildade e timidez, jamais desculpando-se de saber tanta coisa, numa curiosidade insatisfeita e multiforme.

Percebeu Escobar o homem que encontrava e prepara-lhe, previdente e providente, um ambiente de estímulo e de carinho. Ao mesmo tempo que armava, uma a uma, as peças da ponte, num assombro de economia e de técnica, ia Euclides compondo as páginas magníficas, muitas vezes na própria barraquinha ao lado da ponte. Aos domingos reunia-se um grupo de escol: Adalgizo Pereira, Waldomiro Silveira, Lafayette de Toledo, Humberto de Queiroz, Jovino de Silos, José Honório de Silos, com quem se deu o episódio conhecido do estouro da boiada. Sobre todos, requintando no cuidado, no carinho, velava o santo amigo. Foi pessoalmente à Câmara de Casa Branca buscar a Flora de Martius e traduziu o latim a que era Euclides estranho. Livros não lhe faltaram. E a tudo acudia a sua esplêndida erudição. Euclides pôde dizer, entre agradecido e comovido: "foste o meu melhor colaborador d'Os Sertões,

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