Cesar Bierrembach anunciando-me, desde a porta, Euclides da Cunha.
Levantei-me de golpe e, d'olhos altos, para fitar em face o gigante, fui, a súbitas, surpreendido por uma voz áspera, um tanto rouca, que me saudava com simplicidade.
— Bom dia!
Baixei o olhar e dei com um homenzinho seco, mal enjorcado em andaina de brim escuro, sobraçando um rolo; rosto moreno, arestoso como falquejado em vinhático, queixo enérgico, olhar duro, que passara por baixo de meu raio visual e, diante de mim, militarmente aprumado, como em continência, encarava-me hostil.
Pasmei! Quê! Pois era aquilo o titã, o escritor pujante cujos artigos tanto e tão alto repercutiam?
Era aquele o caminheiro infatigável e destemeroso que palmilhava as aspérrimas estradas sertanejas, amigo das selvas e das montanhas, contemplador enamorado dos rios largos e das lagoas melancólicas, que tanto lamentava a destruição das florestas reclamando, a brados, proteção para as velhas árvores vítimas do machado e do fogo?
Era aquele tamanino o herói que partira com as forças de Artur Oscar e acompanhara para, mais tarde descrevê-la no seu poema épico, toda a campanha fratricida, na qual só houve um triunfador, que foi o homéride: ele! Era aquele o que, ainda aluno da Escola Militar, afrontara, com um gesto igual ao de Camilo