Purus e do Juruá, criadas por acordo entre o Brasil e o Peru em 1904 a fim de definir-se honesta e lealmente o litígio territorial entre os dois países naquela região. Acompanhei Euclides uma noite, depois do jantar, à casa do Barão, em Petrópolis. Deixei-os conversando às nove horas, o Barão sentado à mesa, entre as duas janelas do quartinho que lhe servia de escritório, dando sobre a estrada sossegada da Westfalia e o Piabanha rumoroso embaixo; Euclides pousado incomodamente sobre uma cadeira pequena, respeitoso, comovido e tímido, como um estudante em hora de exame. Não é que o Barão o examinasse. O Barão conversava, contente de encontrar quem o entendesse e partilhasse o seu interesse pelos assuntos que lhe eram caros, de fronteiras, de relações internacionais e da história diplomática do Brasil, em que aquele engenheiro militar parecia bacharel senão doutor. Às dez horas, voltando com um papel, encontrei-os na mesma posição, discreteando quietamente; o Barão, sempre despretencioso e lhano, despreocupado de efeitos, sem veemência nem gestos, apenas uma pena tomada distraidamente e logo deixada cair sobre as rumas de papéis que lhe atulhavam a mesa, ou o cuidadoso acender do cigarro de palha, que se lhe apagava frequentemente; Euclides parecendo cada vez mais intimidado e mal à vontade, como se o oprimisse o respeito que lhe inspirava desde o primeiro momento aquele grande homem público, tão bondoso e simples, mas tão pouco familiar. Às onze horas vim lembrar-lhes que a porta da casa de seu primo Urbano de Gouvea,