Euclides da Cunha a seus amigos

escuro que o destruiu em pleno vigor e abriu nos serviços nacionais um claro que ainda não foi preenchido.

A consternação expressa no telegrama para a Legação em Buenos Aires em que o Barão me anunciava a morte de Euclides significava talvez o pesar da perda do colaborador precioso, cujos trabalhos enriquecem o arquivo de limites do Itamarati, mas dizia certamente a infinita piedade que lhe inspirava a agonia de uma alma honesta e limpa afogada em vergonha e indignidade. Euclides era um amigo tão seguro e de trato tão suave, na sua singeleza afetuosa! Não tinha rancores, como se fosse superior ao ódio, e essa serenidade do sentimento purificado pelo entendimento, que não reconhece culpas e em tudo só enxerga relações entre causas e efeitos, contrastava com a veemência febril e trepidante das suas admirações. É assim a psicologia dos santos: adorando o bem, ignorando o mal.

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Firmo Dutra encontrou-o em Manaus, companheiro que era de Alberto Rangel, na encantadora Vila Glicínia, onde o acolheram com carinho e afeto, conservando pela vida afora, como condecoração, esta amizade inesquecível.

"Conheci Euclides da Cunha em Manaus, em começo de 1905, quando ali aportara como chefe da comissão de reconhecimento do alto Purus. Morava eu a esse tempo com Alberto Rangel, num chalé rústico e romântico

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