Euclides da Cunha a seus amigos

perdido na Vila Municipal, lá para as bandas do reservatório do Mocó, e ali se fora hospedar o autor dos Sertões.

Minha amizade com Alberto Rangel vinha da Escola Militar da Praia Vermelha e tornara-se mais íntima e chegada, quando em junho de 1904 um grande acaso nos defrontou no Alto Juruá, à boca do rio Moa, uma das mais longínquas e desconhecidas regiões do Brasil. O grande escritor descia o rio, doente, em consequência de longa estada no Juruá-mirim, onde fora medir e demarcar os seringais do famoso tenente José Lucas Barbosa, um dos formidáveis pioneiros que desbravaram, conquistaram e dominaram os altos rios amazônicos que quase tocam o lendário Urubamba e recebem rajadas frígidas dos Andes. Eu ali estava fazendo parte da expedição militar enviada para reocupar, mesmo à força, como se deu, um setor do território nacional, a embocadura do rio Amônia, invadido por forças peruanas.

O último capítulo do Inferno Verde, que aliás deu o nome ao livro tão discutido, relata o encontro do engenheiro Souto e do jovem alferes-aluno, que outros não eram senão o próprio Rangel e o autor destas reminiscências.

No primeiro período de sua estada na capital dos barés, Euclides ora residia no escritório da Comissão, em preparo de marcha para o desconhecido, até então afrontado apenas pelo heroico caboclo Manoel Urbano, ora permanecia na Vila Glicínia, em busca de repouso para seu espírito já trabalhado por visível sofrimento

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