cima levantamento expedito e determinação das coordenadas de seus afluentes incluindo os varadouros do Ucaiale, nada mais restava à comissão brasileira senão regressar a Manaus, onde devia completar os trabalhos de gabinete. A dura tenacidade do chefe brasileiro, sua indomável coragem para arrostar com os azares do desconhecido, não agradaram ao chefe peruano, que via esse vasto trato da terra cisandina, até então misterioso e estranho, batido somente pelos escravizadores de índios piros e de devastadores da castilloa elástica, desvendado à civilização e conhecido pelas autoridades do país vizinho rival na posse da área explorada. As cartas de Euclides ao amigo que ficara em Manaus e suas confidências pessoais avivam os incidentes, graves alguns, que marcaram o desgosto e a irritação de seu colega, que jamais acreditara que aquele homem leão filho do Sul, inapto para suportar o clima deprimente do Amazonas e célebre apenas como grande escritor, fosse a um tempo, lutador temível, astrônomo, geógrafo e explorador porfiado e cauteloso.
Regressando a Manaus, foi Euclides residir em nossa casa e durante mais de dois meses convivemos com o homem já célebre, que se mostrava em toda a plenitude de sua natureza tímida, contemplativa e às vezes sacudida por bruscas rajadas de insopitável sofrimento. Nesse fins de 1905, Rangel achava-se na Europa em delicada missão do governo amazonense e a Vila Glicínia não mais abrigou dois dos maiores e mais estranhos escritores da raça.